terça-feira, 13 de setembro de 2011

texto - projeto

V SEMANA DE LIBERDADE CRIATIVA 


Ao redigirmos o presente projeto fomos tomados pelas seguintes indagações:  Como manifestar de forma clara e real, em um projeto escrito, que fosse fiel aos reais intentos da proposta central que permeia os objetivos, questionamentos e aspirações levantados pela problemática que envolve a criação da Semana de Liberdade? De que forma poderíamos reinventar-nos de maneira a construir algo verdadeiramente novo? Qual o lugar ocupado pela Semana de Liberdade Criativa, qual sua importância e por quê?  Enfim qual o papel social e o significado por trás do movimento que se manifesta através da Semana de Liberdade Criativa de Assis?
            Não trataremos aqui de discorrer sobre a trajetória do movimento iniciado em 2007 até os dias de hoje. Acreditamos que para esse fim já foram produzidos textos que cumpriram o papel de enquadrar o acontecimento em seu dado contexto histórico. Cabe, isso sim, a nós tratarmos de questões mais abrangentes que nos permitam alçar voos cada vez maiores. Longe de querer aqui demonstrar de que maneira o movimento eclodiu e determo-nos em saudosistas recordações de lutas e conquistas, optaremos por defender os ideais que acompanham a Semana desde sua longínqua elaboração e que ainda hoje se mostram como fio condutor de nossas lutas, nossos projetos e nossas ações.
            A Semana de Liberdade Criativa surgiu em 2007, fruto de manifestações e momentos convulsivos que envolvem questões ligadas a greve das universidades paulistas, bem como a questões do fechamento do campus à comunidade extra-universitaria.  Fruto do movimento estudantil que aparentemente quedava-se silencioso surge em 2007, devido a inúmeros fatores, um novo foco de questionamento sobre a universidade e seu papel social. Questionando o fechamento do espaço universitário à comunidade externa e o acesso/uso do espaço publico do campus, estudantes se organizam autonomamente e discutem propostas e estratégias de reapropriação do espaço universitário do campus de Assis. É nesse debate que nasce a proposta que impulsionou a criação da primeira Semana de Liberdade. A ideia era reutilizar o espaço publico como palco de manifestação e contestação politica. Ora, antigamente não eram as ruas que eram tomadas por manifestações, inquietudes e revoluções? A história mostra que as revoluções nunca fizeram-se apenas por meio de ideologias, burocracias e questionamentos literários. Podem até terem sido elaboradas, a priori, por intelectualidades, mas a realidade é que realmente só tornaram-se revoluções a partir do momento em que a ideologia se aliou à pratica. Em outras palavras, a AÇÃO foi quem deu corpo às grandes revoluções, caso contrário estas seriam apenas utopias idealizadas em paginas de livros empoeirados. Nesse mesmo espírito a proposta fundamentadora da Semana de Liberdade liga-se desde o inicio à ideia da ação direta, onde aqueles que participam da sua elaboração/criação não se contentam em ver a usurpação do poder revolucionário e transformador da ação individual ser minado por politicas de segurança mesquinhas que enobrecem e exaltam a elitização da universidade publica. A semana nasce com a proposta de apropriação do espaço do campus como palco de manifestação politica onde cada individuo possa integrar de forma autônoma um corpo revolucionário que faça ser ouvido seu grito de rebeldia, liberdade e contestação às regras e prisões impostas de forma hierárquica pela dirigencia da instituição. Surge então a problemática de qual a forma mais apropriada para a manifestação e contestação da ordem de forma não violenta, que fosse capaz de transformar sem recorrer ao uso do embate físico, muitas vezes necessário mas nem sempre agregador de novos adeptos devido ao seu caráter agressivo. De que forma seria possível romper com paradigmas sem utilizar a força física?
            Aparece aí o potencial lúdico e redentor do movimento, que acredita na luta politica através da externalização da liberdade. A arte surge como ferramenta politica capaz de contestar as instituições, suas normas e deliberações. A arte se mostra a representação mais próxima da subjetividade, a forma mais livre e consciente de contestação. Enxerga-se na arte o incrível potencial transformador que dê vazão à liberdade e à criatividade. Somente através da arte pode-se inovar a cada instante, não se prendendo à formas padronizadas de manifestação como por exemplo as greves, os piquetes ou rebeliões. A ideia era, e ainda é, tomar de assalto o espaço que é PUBLICO pra fins públicos. Assim em 2007 as idealizações do movimento tomam corpo através de um evento denominado de SEMANA DE LIBERDADE CRIATIVA, onde a arte é apresentada como manifestação política e a política como manifestação artística. No entanto, não é o evento em si que tem valor e sim os ideais que levaram a sua consolidação. O evento, apesar de impecílios e tropeços conseguiu ser realizado, obtendo grande aceitação da comunidade interna do campus. Nos anos seguintes devido a rotatividade de membros do corpo estudantil o coletivo organizador da Semana também foi-se modificando, novos problemas e soluções foram aparecendo, mas tropegamente ou não o espaço conquistado foi mantido por meio de luta e parcerias. É importante ressaltar que a troca da diretoria do campus foi importantíssima na consolidação do evento no calendário letivo. A nova gestão mostrou-se simpática às propostas da Semana e passou a apoiar o evento, ajudando a dar uma dimensão maior às aspirações e objetivos da organização. A nova gestão mostrou-se alinhada às propostas artístico-políticas e passou a promover eventos que incentivavam a arte e cultura dentro da universidade. Desde então estudantes, gestores e funcionários tem cooperado para a criação e manutenção de um ambiente universitário, saudável, criativo, onde as contestações e liberdades são respeitadas.
            Hoje estamos em vias de realizar a quinta edição do evento Semana de Liberdade Criativa de Assis e, contamos novamente com a cooperação da gestão. Mas gostaria aqui de salientar o papel da universidade para a comunidade e enquadrar as ações dos estudantes e dos gestores dentro desse papel social da universidade. A universidade como centro produtor e acumulador de conhecimento deve fomentar a produção e o debate cientifico, cultural, politico e social dentro de suas paredes. A universidade deve acima de tudo manter um caráter crítico, não se atendo a cristalizar conhecimentos e constituir dogmas científicos. Se por um lado isso atualmente se aplica no campo do conhecimento cientifico, por outro tem sido deixado de lado nos âmbitos social, cultural e politico. Cabe à instituição universitária atuar como critico da sociedade, produzindo conhecimento e cultura de modo a transformar a realidade. Desse modo a universidade se mostra dotada de um poder e de uma responsabilidade social, onde pode e DEVE agir de modo a transformar a situação atual. É visando cumprir esse papel que a Semana procura agora ultrapassar os limites das grades e cerceamentos do campus para agregar e acolher, bem como divulgar e criticar a sociedade como um todo, não limitando-se apenas ao ambiente universitário. Fundamos nossas raízes em solo fértil e assim como toda planta chega a hora de florescer e tornar-se frondosa, visível e incômoda aos olhares tradicionalistas e conservadores. A cada ano o evento cresce e com isso as propostas tornam-se cada vez maiores. Os estudantes, embora uma mínima parcela, tem cumprido seu papel, tentando assim como podem extravasar sua condição inferior perante os órgãos colegiados e entidades superiores. Numa analogia à tragédia grega onde os heróis ultrapassam sua condição de mortal e afrontam os deuses, nós também afrontamos e continuaremos a contestar toda ordem que se coloque como barreira ou grades à livre transformação social por meio da arte política. Mas aqui não se trata de deuses e heróis, e sim de indivíduos ativos e estruturas arcaicas rígidas que podem e devem ser quebradas. Da mesma forma a gestão da instituição universitária deve reinventar-se e cumprir seu papel social, não se colocando como inibidor da liberdade criativa revolucionaria que parte das bases da universidade, ou seja, a vontade dos alunos. Deve antes atuar no suporte a tais manifestações, ampliando a repercussão e a dimensão das propostas inovadoras que partem de seu interior. Ao mesmo tempo deve também ser criadora de criticas e debates, de transformações, trazendo para si aquela imensa maioria de desprivilegiados que não tem acesso ao ensino superior público.  Reitores, diretores e professores já foram um dia estudantes e, agora que ocupam cadeiras/cargos de valor e responsabilidade politica devem atuar como extensão do movimento estudantil, pois nada além disso é o que são. Somente dessa forma, atuando conjuntamente corpo estudantil, corpo docente, funcionários e gestores é que a universidade se mostrará um composto sólido que possa contestar a sociedade como um todo.
            A arte surgiu como forma de manifestação desse ideal que buscamos, e logicamente o evento acaba sendo apenas a representação dessa luta que se exterioriza na forma de atividade. Afinal conforme já salientado nos murais pelo campus há eventos pelo direito de luta e, nada, reafirmo NADA, nos tirará esse regozijo visto que se algum dia o evento for sufocado, novamente se levantarão contestadores, artistas, arteiros e libertos para reinventar a critica social, a luta pela liberdade a transformação da realidade e certamente agirão de maneira criativa pois nada do que já foi feito pode novamente causar espanto. Assim convocamos a todos para a quinta, sexta, sétima, enésima edição da SEMANA DE LIBERDADE CRIATIVA DE ASSIS. E que sejamos todos parte direta e integrante das transformações que queremos em nossas vidas.

            SEJAM TODOS BEM VINDOS A V SEMANA DE LIBERDADE CRIATIVA!
                                                     
                                                     Coletivo Espontaneísta

3 comentários:

  1. Bom, estive lá em 2007 ajudando a pensar e criar esse movimento que hoje é tão grande e forte, que é a Semana de Liberdade Criativa.
    Gostaria de deixar registrado aqui minha enorme satisfação de ver que o movimento continua existindo e aumentando ao longo dos anos, fazendo da universidade o que ela sempre deveria ser: um espaço de potência criativa e transformadora.
    Parabéns a todos que organizam o evento e a todos que participam com suas manifestações artísticas e políticas!
    Abraços!

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  2. Olá, queridos! Parabéns pela iniciativa.
    Gostaríamos de levar nosso trabalho em camisetas para a V Semana de Liberdade Criativa, vocês poderiam nos fornecer um contato (e-mail e/ou telefone)? Ficamos no aguardo. Valeu!
    Mônica e Bruno - Art & Vest Camisetas
    artvestcamisetas@gmail.com

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  3. Olá, queridos! Parabéns pela iniciativa.
    Gostaríamos de levar nosso trabalho em camisetas para a V Semana de Liberdade Criativa, vocês poderiam nos fornecer um contato (e-mail e/ou telefone)? Ficamos no aguardo. Valeu!
    Mônica e Bruno - Art & Vest Camisetas
    artvestcamisetas@gmail.com

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